quinta-feira, 8 de julho de 2010

Minha infância no Acre

 Eu gostava muito de brincar de boneca. Fazia vestidos lindos para minhas bonecas porque também gostava muito de ficar do lado da mamãe quando ela costurava os vestidos das mulheres ricas de Rio Branco como a dona Neném, mulher do governador, nossa prima longe, que era muito gorda e usava bigode. “Não sei por que ela não raspa isto”, pensava eu, “para ser como as outras mulheres.” Mas, como a dona Neném era muito braba, achei que ela preferia ser parecida com papai ou com vovô, que ficavam muito bonitos de bigode.
Na costura com as bonecas eu não ficava muitas horas porque preferia brincar com os meninos. Menos com o meu irmão João, que foi a criança mais quieta e intelectual que eu conheci até hoje. Com sete anos, já tinha lido toda a coleção de Monteiro Lobato que Dinda mandou para ele. Com os filhos dos empregados do vovô, eu subia em árvores o dia todo com tal habilidade que nunca quebrei nada no corpo. Por mais que eu invejasse os bracinhos brancos de gesso que de vez em quando um deles ganhava, nunca consegui esta façanha.

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