sexta-feira, 30 de julho de 2010

Um Acre de Aventuras

Era muito grande a diferença cultural entre o Acre e o Sul do Brasil. A começar que lá não havia muitas construções de alvenaria, nem de dois andares sequer. Nossa casa era de tijolo, madeira e palha. Não tinha banheiro dentro. À noite, a gente usava pinico. Pela manhã, só as crianças faziam uso dele. Os adultos tinham um banheiro lá fora.
Era uma casinha de madeira com um trono igualmente de madeira, que não tinha tampa. Era só um círculo aberto na madeira e não tinha descarga também. Ia tudo para um buraco bem fundo. As crianças eram proibidas de entrar lá. Lembro-me que a garotada não via a hora de chegar a idade que já a permitisse usar o banheiro como gente grande.
Viver no Acre, na minha infância, foi uma grande aventura. Vivíamos ao lado do perigo todo o tempo. Um dia meu irmão João sumiu e ninguém conseguia achá-lo. Até que alguém resolveu abrir a porta de um banheiro já desativado, porque a madeira apodrecera, e lá estava Joãozinho todo sorridente, pensando que era gente grande, sentadinho no trono que balançava para lá e para cá. Tirá-lo dali foi um drama, pois qualquer movimento mais ousado com certeza faria o banheiro desmontar e lá se ia Joãozinho trono a baixo. Depois do susto, que ele foi o único que não passou, levou umas boas palmadas.

Um comentário:

  1. Olá, Ligia, tudo bem? Espero que sim!

    Adorei essa história! Adoro o Acre e só agora soube que vc é acreana!

    Ligia, vc estava na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo, dia 28 de julho, no lançamento do livro do sr. Luiz Felipe Lampreia?

    Um forte abraço,

    Ana.

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