quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Papai meu herói

Papai era realmente o máximo, o maior homem que pousou no Acre naquele tempo. Era quem menos brigava comigo quando eu aprontava. Por isso, eu gostava mais dele do que da mamãe. Ficava com ódio dela quando, na hora de dormir, ela dividia a cama com ele. Eu fingia que dormia quando ele, cuidadosamente, me pegava e me transferia para a minha. E me fazia dormir coçando a minha cabeça.
Quando eu custava a pegar no sonho e a coceira já tinha passado, começava a arder o meu couro cabeludo e eu pedia a Deus que ele dormisse logo e parasse aquela tortura. Mas eu jamais pedi para ele parar.
Papai era o meu í­dolo, meu campeão e, segundo meus analistas, também meu grande amor. Embora às vezes Freud me irrite, acho que havia nesta afirmação um fundo de verdade. Procurei papai nos meus maridos e claro que me frustrei. Acho que em cada marido achei um pedaço dele. Se pudesse juntar os três hoje, daria papai direitinho.

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